O ciclo é de graça.

 Nossos antepassados viveram suas vidas de forma muito dura e aprenderam cedo a aspereza da realidade das coisas. Atravessaram sua jornada terrena, muitas vezes, deixando para trás coisas que hoje se perdêssemos, nos abriria uma chaga dentro da alma, que não seria tão simples de curar. O mundo e tudo que existe nele sempre segue adiante e negar que as maravilhas do que há de moderno não são boas, é ser no mínimo, um hipócrita! Porque querendo ou não, muito do atual está ao seu alcance a qualquer momento. O que desejo expor, é que no passado, cerca de pelo menos umas quatro décadas atrás, principalmente nos grandes centros, as pessoas já tinham como doutrina diária uma servidão ao relógio no seu encalço. Entretanto, naquela época começava-se a extinção de uma determinada forma de viver, a do interiorano. Esses viveram de forma onde o tempo era quem doutrinava a maneira de como executar suas ações! Era necessário ter um conhecimento dos ciclos, pois cada um deles determinava o que e quando começar. O distanciamento do homem da natureza fez com que ele se afastasse do conhecimento de coisas muito simples! Como uma lua cheia num mês frio de junho, onde o céu é iluminado de forma única, ou de um período de chuvas no mês de janeiro que quando o sol vem ao céu, traz um verde tão vivo que a vida brota em todos os cantos.

Hoje, nossa doutrina é digital e o tempo se tornou ainda mais rígido e áspero diante de nossas almas. Pois além de manter aquilo que devemos fazer perante o carcereiro do tempo, somos jogados diante de correntes ainda mais fortes e presos ao mundo não palpável que nos coloca perante  um entorpecimento obsessivo. Assim criamos então a bolha e nela o nosso mundo, onde o “ciclo” é executado intensamente pelo movimentar dos dedos em uma tela e caímos dentro de um loop intenso que corrói diariamente nossa essência.

Diante de um mundo onde o tempo é doutrinado não só pelos números das horas, mas também pelos likes e seguidores a se obter, o tempo se tornou um tirano para a grande maioria e o espetáculo(ou show de horrores, muitas vezes) on-line vai em todos os níveis, da estupidez a violência e da apatia ao ódio. E assim o homem se perde diante do moderno e se esquece de suas raízes. Talvez o mais inusitado disso, é saber que a receita para se livrar de um mal que nos aflige a alma esteja dentro de nós mesmo! Pois é a partir  da vontade própria que surge a força de uma mudança e a energia para ter um norte a seguir. E o ciclo ainda acontece, gratuitamente!