Trilha no início da estação chuvosa

 A conexão com o meio natural é talvez um dos elos mais importantes que o homem pode ter. Infelizmente cada vez menor. Há inúmeros meios para se realizar atividades outdoor que podem fazer essa junção de maneira muito prazerosa e de grande benefício para o ser humano. Uma trilha pelo mato é um exemplo de uma boa atividade. A que realizei recentemente me deparei com o cerrado nesse período final da estação da seca e percebi o quanto o retorno das chuvas faz a vida transbordar no cerrado.

Particularmente, a prática do bushcraft é algo que prezo imensamente, pois essa reconexão proporcionada por essa atividade traz a natureza para o interior da alma humana.

Imagens, sempre "falando alto"

 Quando faço minhas trilhas sempre tenho prazer imenso em registrar a natureza, com a primavera chegando isso é mais intenso ainda! Nessa parte da trilha havia anos que não passava, fiquei feliz por ver que onde era pasto, se transformou num bosque repleto de espécies nativas.

Help

 Na maioria das vezes em que faço uma trilha pelo mato, minha finalidade é sempre andar uma extensão determinada, em geral uma distância maior que passe dos 10km. Como já percorro determinados pontos por aqui, conheço muito bem o percurso e sei exatamente onde estão determinadas plantas, obstáculos, água, enfim, conheço o bioma da minha região muito bem.

Recentemente, em uma dessas minhas trilhas me deparei com uma situação complexa e inusitada! Encontrei pelo caminho, em um local de muito risco, uma imensa voçoroca com mais de 30 metros de altura, um pobre garrote ilhado na beira do desbarrancado. Provavelmente estava ali há um dia. Na hora confesso que não quis ajudar e ia procurar ajuda. Mas, me bateu um senso de misericórdia grande. Não dava pra deixar aquele animal ali a deriva e esperando um socorro sabe-se lá quando! Fui ajudar então.

Estava com um problema complicado, já que o animal estava há cerca de um metro e meio para baixo do barranco. Eu ia precisar cavar, um pequeno valo para que ele pudesse subir. Em geral quando faço minhas trilhas nunca levo muita coisa, me basta minha pequena lâmina e um cantil. Mas nesse dia, resolvi levar meu facão. Pra minha sorte e mais ainda do pobre animal, já que sem ele não ira conseguir realizar a proeza que fiz. Meu medo maior, era que o garrote investisse sobre mim e me jogasse ribanceira abaixo. Nada agradável voar lá pra baixo. Mas parece que ele compreendeu que eu estava ali pra dar uma força, eu disse a ele, literalmente. 

Bom, o primeiro passo foi começar a cavar usando o facão como cavadeira, modelando o espaço necessário para que o animal com cerca de 60cm de largura pudesse jogar as patas dianteiras e pular fora. E lá fui eu a cavar, cavei o espaço de 1,50m porém deixando pequenos degraus. Para que dessa forma ele pudesse sair. A terra que fui tirando fui pisando e amassando, assim ele teria uma plataforma para poder pegar impulso.

Cerca de 40 minutos depois, consegui fazer o processo. Foi então que dei espaço para o garrote e ele enfim conseguiu sair. Percebi no olhar dele a alegria de estar livre e poder ir saciar sua sede e sua fome. E eu fiquei com a sensação de dever cumprido e aquela leveza única na consciência. Ou seja: "Fazei o bem se olhar a quem!"

Imagens, sempre falando alto!

 

Explorando um local ermo

 Fazer um reconhecimento maior de uma área selvagem é um tipo de atividade outdoor que sempre requer um pouco mais de disposição. Pois é como se estivesse adentrando em um local totalmente desconhecido. E de fato para quem nunca lá estava, é exatamente isso. Nessa área onde fiz essa trilha de reconhecimento, é um local ermo, ou seja, nem mesmo há criação de gado, pelo menos neste período. Assim sendo, a área se torna remota e mais selvagem. Esse foi um pequeno registro desse dia.

Tecnologia no Mato

Quem segue meu canal está acostumado a ver imagens da natureza de forma simples em seu registro. Neste vídeo, realizei um camping selvagem com meu velho amigo de infância @eltonsalafia Ele sempre foi uma pessoa ligada a tecnologia e para participar do acampamento ele trouxe algumas delas, como um drone e uma câmera que capta imagens no escuro. E claro, como é operador de rádio amador há muitos anos trouxe seu equipamento para testar, onde conseguimos realizar uma comunicação a longa distância, sem haver nada previamente combinado. Foi um dia de camping selvagem, munido de tecnologia e muito mato!

Pernoite com Chuva no Cerrado

 Havia muitos anos que não fazia um acampamento selvagem com tanta chuva. Praticamente a noite toda uma forte chuva caiu. Diante disso e dos imprevistos que um acampamento selvagem sempre trazem, pude realizar um camping muito especial com meu amigo de longa data, Thiago. Esse tipo de atividade é sempre ótimo, mas quando feita com um amigo ai vai bem além disso.

Trilha da "Chuva"

 É o tamanho da liberdade, com acréscimo da natureza viva que move aquele que tem prazer em fazer longas jornadas por esse chão mineiro cheio de vida.

Fogo em dia de chuva

 Em dias de chuva, um kit de fogo pode fazer a diferença para se iniciar uma fogueira. É claro que existe alguns fatores a mais, mas a princípio, um bom kit faz a diferença.

O ciclo é de graça.

 Nossos antepassados viveram suas vidas de forma muito dura e aprenderam cedo a aspereza da realidade das coisas. Atravessaram sua jornada terrena, muitas vezes, deixando para trás coisas que hoje se perdêssemos, nos abriria uma chaga dentro da alma, que não seria tão simples de curar. O mundo e tudo que existe nele sempre segue adiante e negar que as maravilhas do que há de moderno não são boas, é ser no mínimo, um hipócrita! Porque querendo ou não, muito do atual está ao seu alcance a qualquer momento. O que desejo expor, é que no passado, cerca de pelo menos umas quatro décadas atrás, principalmente nos grandes centros, as pessoas já tinham como doutrina diária uma servidão ao relógio no seu encalço. Entretanto, naquela época começava-se a extinção de uma determinada forma de viver, a do interiorano. Esses viveram de forma onde o tempo era quem doutrinava a maneira de como executar suas ações! Era necessário ter um conhecimento dos ciclos, pois cada um deles determinava o que e quando começar. O distanciamento do homem da natureza fez com que ele se afastasse do conhecimento de coisas muito simples! Como uma lua cheia num mês frio de junho, onde o céu é iluminado de forma única, ou de um período de chuvas no mês de janeiro que quando o sol vem ao céu, traz um verde tão vivo que a vida brota em todos os cantos.

Hoje, nossa doutrina é digital e o tempo se tornou ainda mais rígido e áspero diante de nossas almas. Pois além de manter aquilo que devemos fazer perante o carcereiro do tempo, somos jogados diante de correntes ainda mais fortes e presos ao mundo não palpável que nos coloca perante  um entorpecimento obsessivo. Assim criamos então a bolha e nela o nosso mundo, onde o “ciclo” é executado intensamente pelo movimentar dos dedos em uma tela e caímos dentro de um loop intenso que corrói diariamente nossa essência.

Diante de um mundo onde o tempo é doutrinado não só pelos números das horas, mas também pelos likes e seguidores a se obter, o tempo se tornou um tirano para a grande maioria e o espetáculo(ou show de horrores, muitas vezes) on-line vai em todos os níveis, da estupidez a violência e da apatia ao ódio. E assim o homem se perde diante do moderno e se esquece de suas raízes. Talvez o mais inusitado disso, é saber que a receita para se livrar de um mal que nos aflige a alma esteja dentro de nós mesmo! Pois é a partir  da vontade própria que surge a força de uma mudança e a energia para ter um norte a seguir. E o ciclo ainda acontece, gratuitamente!