terça-feira, 14 de dezembro de 2010

BUSHIDO

Não tenho pais, faço do Céu e da Terra meus pais ;
Não tenho lar, faço do saika tanden meu lar;
Não tenho poder divino, faço da honestidade meu poder ;
Não tenho meios, faço da docilidade meus meios ;
Não tenho poder mágico, faço da personalidade minha magia ;
Não tenho vida nem morte, faço do eterno minha vida e minha morte ;
Não tenho corpo, faço da força meu corpo ;
Não tenho olhos, faço do relâmpago meus olhos ;
Não tenho ouvidos, faço da sensibilidade meus ouvidos ;
Não tenho membros, faço da prontidão meus membros ;
Não tenho leis, faço da auto-proteção minha lei ;
Não tenho estratégias, faço da liberdade de matar e ressuscitar minha estratégia ;
Não tenho forma, faço da astúcia minha forma ;
Não tenho milagres, faço da justiça meus milagres;
Não tenho princípios, faço da adaptabilidade meu princípio ;
Não tenho táticas, faço da rapidez minha tática ;
Não tenho amigos, faço da minha mente meu amigo ;
Não tenho inimigos, faço da imprudência meu inimigo ;
Não tenho armadura, faço da benevolência e da retidão minha armadura ;
Não tenho castelo, faço da mente inamovível meu castelo ;
Não tenho espada, faço do sonho de minha mente minha espada.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

DE NOVO, NATAL

Como sempre, todos os anos falo da hipocresia natalina, que sempre deixa de lado a verdadeira face desta data, resolvi colocar um link para o site de uma amiga blogueira (Faby Crestfallen - Solidão, niilismo, auto-suficiência..., além de ser um texto refinado e culto, nos mostra tudo como realmente é. Reflitam sobre o excelente blog e a visão exata da realidade. Bom e como ano passado novamente eu coloco minha mensagem natalina interpretada pelos Garotos Podres.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Passado



Não é a religião que vai criar um ser humano perfeito, não é ser ateu e negar a existência de Deus que também vai fazer de você um ser humano bom. O que vai fazer de você um ser humano é a benevolência com o próximo, independente da sua crendice ou não! Seguir o caminho da vida acreditando naquilo, sem passar por cima dos outros, sem trazer o mal para o próximo. Seja você de qual religião for, ou se não tiver nenhuma, não importa, o que importa é a bondade interna dentro de si.
Quando era criança costuma sair pra visitar minha avó, mais pra fazer isso eu tinha que pegar um ônibus da cidade que eu morava, Campo Belo-MG e seguir até São Francisco de Paula-MG, depois eu seguia 15 km a pé por uma estrada de terra, em pleno centro-oeste mineiro, lugar de gente simples e hábitos diferente do que eu vivia no meu cotidiano. Não havia energia elétrica, nem água encanada, se dormia numa cama de colchão feito de palha e o travesseiro feito de paina (fruto de uma árvore que parece com algodão), pra se usar água tinha que busca-la em uma mina, uns 300m distante da casa depois esquenta-la no fogão a lenha e usar o chuveiro de baiano! Era um casebre simples sem muitas condições, mais aprendi muito ali com ela. Na simplicidade total da vida.
Minha avó morava boa parte do ano sozinha, passava muitas vezes o ano novo, natal sozinha. Procurava sempre ir vê-la e passava lá com ela alguns dias, certa vez quando tinha 16 anos fui até a casa dela, naquela época saí de casa cedo passei pelo “Campo das Caçadas Felizes”, lugar onde cresci com meu pai e meu tio e aprendi a arte de caçar. Então segui novamente pra casa dela, chegando lá de noite. Ela assustada, com o cão latindo, disse:
- Quem esta aí? – Então eu disse:
- Sou eu vó, o Luciano! – Ela exclamou:
- Meu filho porque você chegou essas horas andando nesse cerrado! – Disse a ela:
- Não tem problema, vó. Foi um pequeno desvio no curso até aqui!
Então entrei, a luz de lamparina iluminava a sua cozinha, comi a comida e ela ficava muito feliz comigo lá, pois sempre ficava muito só. Minha mãe um dia me disse que o dia que ela teria todos juntos seria quando morresse.
Ela acreditava em Deus, tinha uma maneira peculiar, típica mineira de vê-lo, lógico que se misturavam muitas crendices, mais eu adorava vê-la contar tudo pra mim, além de casos muito interessantes.
Com ela eu aprendi a ser humildade na prática, buscando lenha e fazendo obrigações do dia-a-dia que mostravam uma maneira de ver a Deus que formou o que eu acredito. Ela viveu a vida inteira, mais de 70 anos praticamente no mesmo lugar. A última vez que eu caminhei com ela foi em fevereiro 1995, quando andamos até São Francisco de Paula, pra podermos ir pra minha casa. A última vez que eu a vi foi 20 dias antes dela morrer, quando em julho de 1995 ela fez aqueles 15 km a pé sozinha e Deus.